Relações linguagem, trabalho e identidade docente: por que estudá-las?

Segundo Silva (2019), a identidade de professores de línguas tem sido o foco de estudos de vários pesquisadores (BOHN, 2005; BEIJAARD; MEIJER; VERLOOP, 2011; REIS; van VEEN; GIMENEZ, 2011; NORTON, 2013). Esses estudos nos permitem compreender como as identidades são (re)construídas, e no contexto de nosso projeto como são ressignificadas, percebendo a identidade como um processo contínuo.

O trabalho docente tornou-se objeto de análises, discussões e proposições com o objetivo de se conhecer as causas de suas dificuldades e de se proporem concepções favorecedoras da constituição de práticas de ensino de caráter inovador ou transformador (APARÍCIO, 1999; SILVA, PILATI e DIAS, 2010; SIGNORINI, 2007).

As proposições acadêmicas e pedagógicas para o ensino de língua portuguesa e a formação de professores voltaram-se desde então para questões de identidade docente em sua relação com a tematização da função social e política da educação linguística numa sociedade economicamente desigual como a brasileira. Esses estudos têm observado o desenvolvimento de práticas mais autorais ou mais agentivas dos professores como recursos para se alterarem as condições do ensino de português na escola e os modos como os professores de língua portuguesa se constituem profissionalmente nessas condições (BENEVIDES, 2006; OLIVEIRA, 2006).

Uma pintura de 1928, de fundo branco com quatro figuras de homens que remetem ao corpo humano, sendo que eles são preenchidos por diversas formas e cores diferentes em alusão à construção da identidade do professor .
“Desportistas”, Kazimir Malevich (1928)

Parte-se do caráter social, cultural e historicamente situado do trabalho de formação docente, em que o saber, o fazer e o sentir se constroem em processos interativos e em resposta às demandas apresentadas por dado contexto e suas especificidades (BREEN et al., 2001; FERYOK, 2012; GOLOMBEK e DORAN, 2014; GOLOMBEK e JOHNSON, 2004; JOHNSON e GOLOMBEK, 2011; TSUI, 2007, 2003).

Nossa pesquisa objetiva dar a essas “práticas mais autorais ou mais agentivas dos professores” um caráter mais científico, entendendo-as como decorrência do processo de ressignificação (e não apenas adequação) de sua identidade frente às diversidades socioculturais e adversidades econômicas, tendo de cumprir as prescrições dos documentos oficiais.

Seria, talvez, um passo a mais (ou anterior) empreendido nos estudos das relações linguagem-trabalho-identidade.

Quer saber mais? Acompanhe a evolução do nosso projeto aqui no blog. Nos vemos em breve!

 

 

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